segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

reproduzindo o texto :

Anthonio, Thais e turma do MM:

Houve hoje uma reunião a portas fechadas já no final desta noite com um membro muito importante da Cruz Vermelha Brasileira (CVB) cujo nome não vou revelar. Ele já trabalha há mais de trinta e três anos em todos os tipos de catástrofes em todas as partes do mundo incluindo a guerra da Bósnia, o terremoto do Haiti, etc. É ele que coordena as atividades da CVB brasileira nestes locais e também da CVB internacional. Para vocês terem uma idéia, ele havia voltado de uma extenuante viagem de 22 horas desde a Rodésia só para estar ali conosco e avaliar a situação na região serrana. Ele disse que nós não tínhamos noção da catástrofe que havia ocorrido:

"Vocês nunca tiveram oportunidade de testemunhar catástrofes mundiais e por isso é natural que sejam incapazes de avaliar a extensão dos danos aqui ocorridos. Devido a décadas de experiência de campo e de levantamento de áreas de desastre, posso seguramente, afirmar que somente aqui no município de Teresópolis o número de mortos soterrados de longe ultrapassa a casa dos 6.000. Na região serrana ao todo o número de mortos deve facilmente chegar a mais de 12.000 pessoas.

No Brasil, vocês nunca lidaram com catástrofes naturais de grandes dimensões, daí a falta de preparo e de noção do que realmente se passa. Pelo quadro vigente no Haiti, vocês podem contabilizar as milhares de pessoas que já morreram de febre tifóide. Não importa se sejam os brancos loiros de olhos azuis da Bósnia-Herzegovina ou os negros suados do Haiti ou os habitantes de Teresópolis. Todos os corpos que necropsio fedem e estão imundos. Morto não tem raça, ou status social. Todos os corpos apodrecem e se decompõem. São mais de 6.000 corpos nos leitos dos rios, nos mananciais e nas suas margens, enterrados a vários metros de profundidade.

Haverá inúmeras epidemias daqui há algumas semanas surgindo primeiramente de forma discreta e depois se alastrando pelas cidades supridas por essas águas. A falta de experiência do Brasil e dos brasileiros em termos de dimensões de catástrofes levam a estas estimativas ingênuas do que realmente aconteceu. Em qualquer outro país civilizado, o procedimento correto seria o de declarar lei marcial e exigir intervenção federal nesta situação. A própria viabilidade e existência destas cidades será posta à prova nos meses que virão na medida em que a população começar a adoecer.

Quanto ao prefeito da cidade, ele é um bandido, um crápula, que precisa ser acionado judicialmente, preso e condenado por crime contra a humanidade. Há dezenas de equipes especiais de resgate aqui conosco como as de Santa Catarina, Santos e São Paulo e a prefeitura se recusa a usar os seus profissionais para as missões de resgate.

A CVB é um órgão de assistência emergencial e vocês já passaram da fase de emergência e estão exercendo um papel assistencial. Isto não é de competência da CVB. O prefeito de Teresópolis desacatou a CVB e por conta disso, ao desacatar a autoridade da CVB cometeu um ato infracional. O seu prefeito deve ser preso por crime contra a humanidade. Muitas pessoas ainda irão morrer nos próximos meses devido as doenças que irão se disseminar.

Entendam que a CVB está sendo utilizada como manobra política e a isso não nos subteremos. Estou declarando que a partir de hoje se dão por encerradas as atividades da Cruz Vermelha em Teresópolis. Todos os mantimentos, água e remédios deverão ser doados à população carente desde que comprovem a baixa renda. Não tenham tanta certeza de que oacidente de helicóptero que acometeu o chefe da CVB de Teresópolis tenha sido um mero acidente. Não podemos ter garantia de nada. Portanto declaro encerrado as atividades da CVB de Teresópolis a partir de agora. Sabemos do espírito altruísta de todos os senhores mas como dizemos no meio militar - "Excesso de vibração mata". Peço que interrompam as suas atividades a partir de hoje pois dezenas de órgãos governamentais por trás de vocês estão ganhando verbas assistencias de milhões de reais para não realizarem o trabalho que vocês estão fazendo voluntariamente de graça.

O prefeito desta cidade deve receber prisão ciivl por ato infracional e será apenas uma questão de poucos meses para que as cidades das regiões serranas se tornem regiões doentes caso não seja coordenado um esforço conjunto sério para a remoção destes milhares de cadáveres se decompondo nos rios que suprem estas cidades".

Martius de Oliveira http://minhamestria.blogspot.com/2011/01/dimensao-real-da-catastrofe-de.html

domingo, 23 de janeiro de 2011

A ultima vez que o Vasco foi campeão ...

Saddam Husein ainda estava vivo...
A Guerra do Iraque ainda não havia começado...
Messi tinha apenas 15 anos...
Ronaldinho ainda era do Paris Stain Germain...
O Fluminense ainda tinha mais Cariocas que o Flamengo, 29 a 27...
O São Paulo era apenas Tri Campeão Brasileiro...
O Internacional não tinha nenhum título internacional...
Orkut não existia...
Twitter não existia...
Yasser Arafat ainda estava vivo...
João Paulo II ainda estava vivo...
Tsunami ainda nao havia devastado o Oceano Indico...
Brasil tinha apenas uma Copa das Confederações...
Riquelme era camisa 10 do Barcelona...
Cristiano Ronaldo anda era do Sporting...
Iarley ainda era do Paysandu...
Ibrahimovic ainda era do Ajax Amisterdã...
Veloso, ex goleiro do Palmeiras, ainda jogava futebol...
Eto'o ainda era do Malhorca...
Tévez ainda era do Boca Juniors...
Adriano ainda era do Parma...
José Mourinho ainda era do Porto...
Marcelo Bielsa ainda era da Argentina...
Batistuta ainda jogava futebol...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

J’ACUSE !

J’ACUSE !!!

(Eu acuso !)

(Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes)

« Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice.(Émile Zola)

Meu dever é falar, não quero ser cúmplice. (...) (Émile Zola)

Foi uma tragédia anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio.

Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que... estudar!).

A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro.

O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares.

Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática.

No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando...

E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar ‘tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.”

Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno – cliente...

Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”.

Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.

Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:

EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;

EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos”e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;

EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;

EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”;

EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;

EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;

EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;

EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu “tantos por cento”;

EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;

EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma “ nova cultura de paz”, pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da “vergonha na cara”, do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;

EU ACUSO os “cabeça – boa” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito,

EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;

EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO osprofessores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.

EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos;

EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;

Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos-clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.

Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”.

A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.”

Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão.

É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.

Igor Pantuzza Wildmann

Advogado – Doutor em Direito. Professor universitário.